domingo, 3 de maio de 2015

Raul Nosso de Cada um mostra várias facetas do Maluco beleza através de depoimentos.


Raul Nosso de cada dia, é um livro onde podemos ter depoimentos de músicos e amigos que conviveram com Raul Seixas, correto? Quem foram os entrevistados?

Foram 36 pessoas que conviveram com o Raul em diversos momentos de sua vida. Músicos de São Paulo, do Rio de Janeiro, amigos, amigas, fãs! Pessoas que tiveram várias passagens marcantes com o Maluco!

Raul tem muitas histórias, no livro conheceremos algumas histórias inéditas sobre o Maluco Beleza?

Sim, a maioria será inédita. Muitas pessoas que aqui estão, nunca falaram publicamente sobre o Raul Seixas

Pode citar alguns deles? E que foram essenciais para construção da imagem do Raul no livro?

Sim, por favor.  Aguinaldo Pedroso, Nelsinho Pavão, Sandra Jeronymo, Gato, João Lara Mesquita, Sydney Valle, Tânia Menna Barreto, Alexandre Agrá, Claudio Roberto, Rick Ferreira, etc..

Claudio Roberto é uma figura icônica no Universo de Raul Seixas, se manteve escondido durante anos e agora vem aparecendo, ele apresenta Raul de que forma no livro? E a parceria?

Ele mostra um Raul que aprontava várias artes no Rio e até em São Paulo...Histórias hilárias, do tipo "Raul dava ré com um carrão na contramão e largava o carro no meu da rua e dava na mão do policial e saia correndo, atrás do táxi". Ou seja, do tipo nem aí para as coisas materiais, entre outras cositas mais quentes, que só quem for ler o livro livro vai sacar! A parceria deles foi algo natural, os dois tinham a mesma sintonia, mesma malícia, Um ajudava o outro, eram amigos, parceiros de coração. Claudio amava muito o Raul. Na verdade, eles se tornavam uma só pessoa quando estavam juntos para compor!

"A parceria com Claudio Roberto foi algo natural, os dois tinham a mesma sintonia", define autor.

No livro Raul é mostrado como uma pessoa humilde, que convivia com qualquer um, sem julgamentos e é mostrado também seu lado sensível, como chorar escutando músicas românticas. Há alguma história que mais te chamou atenção enquanto a essa sensibilidade do artista nos depoimentos?

Sim, por exemplo na casa da Sandra Jeronymo, que era uma fã e acabou virando amiga, Raul passou vários dias, acabou até dormindo na casa dela. Pra você ter uma ideia, Raul foi embora da casa dela, com o pijama do marido dela, não ligava em ir embora daquele jeito. Andou pela feira aqui no bairro de Pirituba, zoava com os feirantes, com os pedreiros... Raul era uma pessoa simples, sem maldade no coração. Chegou a colocar vários bêbados quando morava na Rua Itacema no Itaim, zona sul de São Paulo e no outro dia não sabia quem eram aquelas pessoas. Não lembrava o que aquelas pessoas estavam fazendo em seu apartamento.

O Raul como músico/produtor também é abordado no livro, demonstrando que o mesmo era extremamente competente. Existem curiosidades que ocorreram nas gravações de suas músicas?

Sim, por exemplo como produtor da dupla Tony & Frankye quando trabalhava no Rio na gravadora CBS. Ele foi o responsável pelo o único disco da dupla e ainda cantou na música "Trifocal", que a letra é sua. Segundo Frankye: "Raul ficou perdido na produção, porque não era praia dele, o nosso tipo de som!" . Raul ainda aprontou com essa dula, colocando uma orquestra com harpa e eles não entenderam nada.


Agora o Raul no estúdio produzindo seus discos ao lado do Maestro Miguel Cidras e de Rick Ferreira, era um cara totalmente profissional. Uma pessoa que acompanhava o disco inteiro, tudo que entrava no vinil, tinha o dedo do Raul. A Eldorado na minha opinião, foi a gravadora que mais ajudou o Raul e o deixou livre para criar sem algum problema maior. Ele tinha o Gato que era o Técnico de Som que Raul amava e o João Lara Mesquita, dona da gravadora, um cara que eu como fã, tenho vontade de abraçar, pois salvou a carreira do Raul.

Paulo Coelho é citado nos depoimentos? Há a visão de terceiros da parceria e da relação dos dois?

Sim, mas superficialmente. Eu já tenho uma outra visão dessa parceria...

Qual sua opinião sobre a parceria dos dois?

Eu acredito que houve uma magia, que fez dessa parceria uma obra prima... Raul e Paulo era o mesmo que Lennon & MCcartney ou Jagger & Richards. Um precisava absorver a loucura do outro. Agora a amizade entre os dois já um pouco complicada, pois eram duas pessoas com personalidades fortes. Raul já deixou o Paulo Coelho em algumas situações complicadas. Ele simplesmente já largou o Paulo com o público em um show  foi embora, já deixou em um Hotel para tentarem reatar a parceria e não apareceu para falar com o Paulo, Agora Paulo Coelho, por sua vez, guardou mágoa do Raul, isso está bem claro, porque só foi chorar sua morte meses depois. Raul amava mais o Paulo, do que o contrário!


Segundo autor: "Raul ama mais o Paulo, que o contrário"


Cronologicamente o livro conta a trajetória de Raul dos seus primórdios aos últimos anos de carreira?

Não, eu segui a ordem dos entrevistados, não cronológica! Cada um que entrevistava, entrava e assim por diante!

Leonardo agradecemos pela entrevista, você tem algo mais a completar? O que os leitores podem esperar do livro?

Sim, obrigado vocês pela oportunidade de apresentar meu trabalho! Quero agradecer também várias pessoas do Raul Rock Club que me ajudaram nessa caminhada e também a Sylvio Passos que muito me orientou. Enquanto ao livro os leitores podem esperar um Raul visto na ótica de cada entrevistado...Momentos de risadas(Raul zoava demais), momentos tristes( saúde, problema com álcool), momentos criativos e destrutivos, tal qual era sua personalidade. Simplesmente, digo que eu Amo o Raul com todas as suas virtudes e defeitos, faria novamente se fosse preciso! Obrigado!

quinta-feira, 12 de março de 2015


No dia 22 de Dezembro de 1985, Raul Seixas faria uma participação no programa "MIxto Quente", da TV Globo, que seria um especial de Natal exibido dias depois. Até aí tudo bem, mas... Raul chegou ao palco para fazer o show levemente embriagado e chato (devido à sua briga com a TV Globo e Boni um ano antes, pela gravação do clipe "Metrô Linha 743" que não saiu).


O roqueiro sempre batendo o pé, errando letras e cantando músicas censuradas como "Mamãe Eu Não Queria", pra incomodar os censores e a própria TV Globo, no que seria sua última vez em um palco antes de se juntar com Marcelo Nova.



Como resultado, sua participação foi totalmente cortada quando o programa foi ao ar. Porém, as gravações existem. um trecho (de que se tem notícia) inédito do que era considerado como perdido: a apresentação de Raul Seixas no lendário "Mixto Quente", em 1985.

Créditos: Baú do Raul Restaurado

Assista o video:


quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015



  1. O sonho de Raul Seixas era ser escritor, obviamente ele sempre estava escrevendo, muito do que escrevia se tornava em música, nessa categoria do site você pode visualizar rascunhos das letras ou do que se tornariam letras de Raulzito, clique acima das imagens para visualizar a galeria. 


As galerias do site sempre são atualizadas conforme novos materiais encontrados.

TENTE OUTRA VEZ
GITA

TREM DAS SETE
                                                               PLANOS DE PAPEL


domingo, 22 de fevereiro de 2015


Raul Seixas sempre foi de uma humildade e simplicidade impares, existem milhares de fotos com fãs de todo Brasil, incrivel que as fotos não são de artistas/fãs, mas muitas vezes Raul realmente parece ser amigo de todos, vejam a simplicidade do maluco beleza.

Clique nas miniaturas para abrir as fotos e galeria:


                         






















Em outubro de 1988, o roqueiro baiano e fundador da banda Camisa de Vênus, Marcelo Nova, convidou o amigo Raul Seixas para voltar aos palcos depois de cinco anos de hiato. Raul andava mal das pernas, com a saúde debilitada pelo abuso do álcool, e sua carreira havia sido colocada no ostracismo. "Marceleza, será que eu estou em forma?", perguntou o maluco beleza a Nova. "Quem é rei não perde a majestade, Raulzito", devolveu o pupilo, que no ano que se seguiu embarcou com Raul em uma turnê pelo país que só se encerrou em 21 de agosto de 1989, dia da morte do ídolo e antevéspera do lançamento do primeiro e único disco em parceria da dupla.

Por ocasião do lançamento de "Raul - O Início, o Fim e o Meio", documentário sobre o cantor que estreia nesta semana nos cinemas brasileiros, o UOL convidou Nova para dividir essa e outras memórias de sua relação com Raulzito. Confira a seguir o depoimento exclusivo:


"A primeira vez que vi Raul Seixas foi em Salvador, no início dos anos 60, no Instituto de Reabilitação da Criança Defeituosa, entidade idealizada e dirigida pelo Dr. Fernando Nova, meu pai, que no final de cada ano promovia uma festinha para crianças portadoras de poliomielite.

Lembro que numa delas, entre apresentações de palhaços e mágicos, repentinamente surgiram dois adolescentes. O primeiro trazia uma vitrola portátil numa das mãos e ainda empurrava um carrinho de bebê, no qual estava o outro garoto vestido de nenê, com mamadeira, chupeta e demais acessórios. O que estava em pé liga a vitrola, põe o disco "O Boogie do Bebê" e começa a fazer uma dublagem embalada por passos de rock n' roll e requebros "elvinianos".

Os Panteras rosnavam e rugiam tanto que, no final do show, dezenas de garotas disputavam o privilégio de uma aproximação, desejando e ao mesmo tempo temendo ser mordidas. E eu voltava para a casa andando, com o coração acelerado, lembrando de cada momento e alegre por constatar que havia algo mais na Bahia além das fitinhas do Bonfim, acarajés e abarás
Houve subitamente um breque musical e o "bebê" se ergue no carrinho, joga a chupeta no chão e balbucia qualquer coisa. O outro dá-lhe uma bofetada e segue dançando para a gargalhada geral de quem, assim como eu, assistia atentamente à performance. O que estava vestido de bebê chamava-se Waldir Serrão. O frenético dançarino de topete atendia pelo nome de Raul Seixas. Eram os sócios-fundadores do "Elvis Rock Clube" e tinham uns 16 ou 17 anos.

Ainda não sabia que Raul morava na Graça, o mesmo bairro que eu [em Salvador]. E foi lá mesmo, na Graça, que alguns anos depois aconteceu a FIT (Feira de Indústria e Tecnologia), onde vários stands anunciavam, promoviam e vendiam as novas "maravilhas": televisores, liquidificadores e fogões tinham as suas virtudes enaltecidas por belas garotas de minissaia, sentadas em convidativas poltronas e exibindo coxas que levavam garotos como eu ao êxtase.

Perto do final do expediente, porém, elas sempre terminavam saindo com alguém mais velho, o que, se por um lado frustrava, por outro era o sinal de que iria começar o musical de encerramento das atividades da feira com a melhor banda de rock n' roll: Raulzito e Os Panteras.

Foi através deles que obtive meu primeiro contato imediato com o rock n' roll. Tinha já compactos e LPs de Little Richard, Elvis, Beatles e Stones, mas jamais havia visto nada disso ao vivo. Raulzito, vestido com um casaco de couro, tremia, dançava e se jogava no chão, provocando estranhamento em boa parte da plateia, habituada a performances mais corriqueiras. "Há muito tempo atrás, na velha Bahia, eu imitava Little Richard e me contorcia, e as pessoas se afastavam pensando que eu 'tava tendo um ataque de epilepsia'", diria ele em "Rock N' Roll", música que fizemos juntos em 1989.

Os Panteras rosnavam e rugiam tanto que, no final do show, dezenas de garotas disputavam o privilégio de uma aproximação, desejando e ao mesmo tempo temendo ser mordidas. E eu voltava para a casa andando, com o coração acelerado, lembrando de cada momento e alegre por constatar que havia algo mais na Bahia além das fitinhas do Bonfim, acarajés e abarás.

De Raulzito a Raul, o porta-voz de domésticas, profissionais liberais e intelectuais

Alguns anos mais tarde, Raul se mudou para o Rio de Janeiro e eu só voltaria a vê-lo pela TV, no Festival Internacional da Canção, em 72, cantando "Let Me Sing, Let Me Sing". E foi logo depois, através de discos como "Krig Ha Bandolo", "Gita", e "Novo Aeon "que ele deixaria de ser Raulzito, o cantor de rock n' roll para tornar-se Raul Seixas, o compositor que imprimiu altas doses de pertinência, mordacidade, sarcasmo, reflexão e inteligência no texto da música brasileira.

Sozinho, ou em parceria com Paulo Coelho, escrevia para um público heterogêneo (empregadas domésticas, profissionais liberais e intelectuais incluídos). E, como um caso único, fazia-se não só compreender, mas também o mais importante, dava a chance ao ouvinte de compartilhar e se identificar com o que era dito. Não era ingênuo como o rock que o antecedeu nem tão pouco partilhava a pseudo-poesia de lugares-comuns (com raras exceções) da MPB da época.

sábado, 4 de outubro de 2014

 O FESTIVAL de Águas Claras foi um WoodStock brasileiro, jovens de todo Brasil se reuniram em Iacanga, para ouvir seus maiores idolos. Como tratava-se de um Festival Contra cultural, lógico, Raul era o maior expoente do mesmo, e a maioria dos jovens cresceram com a "Sociedade Alternativa" na cabeça, o mundo estava mudando, e toda a questão contra cultural enfrentada em outros paises, havia chegado, mesmo que tardiamente ao Brasil.

O coro canta "viva a sociedade alternativa, um pouco antes de Gonzagão entrar no palco, ele é anunciado e começa a cantar. Gonzagão sem duvida deve ter ficado impressionado com o numero enorme, de tantos jovens reunidos vivendo algo que seria mais próximo da "Sociedade Alternativa", no final da música Gonzagão se rende: 

"Eh festivalzão de lascar,
Tem gente ai?
Mas tem muito bicho também, né?
Agora vocês tem que me aguentar um pouquinho...
Por que o negocio aqui... tem até violeiro.
Mas tá bom, tá bonito
Para mim uma surpresa formidavel, nunca vi isso na minha vida
Esse brasil tá revirado meu filho
Essa que é a sociedade alternativa, é essa ai?
Então Raul Seixas tá com a razão
Eu também estou me alternando."


Sem dúvida foi uma grande honra para Raul, já que ele tinha dois grandes mestres, Elvis e Luiz Gonzaga. Raul, enxergava os dois como almas gemeas, e considerava Gonzagão o Rei do Baião, baião que mais fazia Raulzito lembrar do Rock americano, pela batida, pela linguagem. O video com o audio desse acontecimento histórico pode ser visto abaixo:


sábado, 27 de setembro de 2014

Julio Andrade e Lucci Ferreira, interpretaram Paulo Coelho e Raul Seixas




O filme Não Pare na Pista, A Melhor História de Paulo Coelho é um motivo de comemoração, pois pela primeira vez, temos Raul Seixas interpretado nas telonas dos cinemas, mesmo que não seja o protagonista. No entanto, para quem foi às telas para assistir a história dos dois deve ter ficado decepcionado, ou pelo menos quem é muito mais fã do Raul, que do Paulo.

Não há como negar, a maioria das pessoas que foram assistir o filme, pelo menos aqui no Brasil, estavam lá por causa de Raul. Na própria sessão houve essa impressão, desde malucos à senhoras com seus netos, jovens com camisetas estampadas do Raul, quando se iniciava as músicas do Raul, todos balançavam a cabeça e cantavam juntos.


No entanto, não há como negar, o Raul foi muito mal aproveitado no filme e a história contada foi obscura e cheia de inverdades. A coisa mais importante do Raul no filme, foi sem dúvida alguma a genial interpretação do Lucci Ferreira, se você enxergasse brevemente veria Raul em pessoa ali na frente, os trejeitos, a forma de falar, exatamente igual, sem exagerar ou ser mimico. Com certeza Lucci Ferreira fez um grande trabalho de pesquisa. Ele havia feito o teste para interpretar Raul Seixas no Por toda a minha vida, mas o papel ficou com Julio Andrade (que coincidentemente interpreta Paulo no filme).


Uma cinebiografia sempre contará a história sob um aspecto fantasioso, no entanto, alterar as versões dos acontecimentos, principalmente quando está relacionado a outras figuras, é muito perigoso. Raul Seixas, é o antagonista de Paulo no filme, num embaralho de cenas que chega a soar ridiculas.

Raul aparece no filme, depois da metade, o filme não segue uma linha cronologica. Um sujeito estranho de terno e gravata vai procurar Paulo em seu apartamento, Paulo estranha e pensa ser a policia, mas o encontro ocorre, até aí não há nenhum mistério, a versão é conhecida amplamente nas biografias do Raul. Em 1972, Raul ainda estava numa fase de transição, já havia conseguido colocação privilegiada com Let me Sing my Rock n Roll no Festival Internacional da Canção, e já estava iniciando as gravações do Krig Ha Bandolo, que os jornais da época ainda anunciavam como "Metamorfose Ambulante". Raul, sempre curioso, se interessava por Discos Voadores, e aquele momento era um momento em que se levantava a questão do cosmo, da exploração do Universo, dos UFOS, e etc.

Paulo num documentário a MTV, diz que Raul o apresentou "S.O.S", que o deixou apaixonado. A letra da música, cita Disco Voador, transmutação, Totens e Jesus, misturando isso tudo com o dia a dia na cidade do Rio de Janeiro. "Hoje é domingo, missa e praia, céu de anil, tem sangue no jornal e bandeiras na Avenida Zil". A música fala sobre o estado de ultrapassar barreiras, e abrir as portas da percepção. "Enquanto eu sei que tem tanta estrela por ai". Tudo isso numa linguagem simples e sem fazer rodeios.

Num outro momento vemos Paulo e Raul compondo Al Capone, começa a cantar "A justiça do Universo", frase de Paulo, sem achar melodia nem ritmo. Raul emenda "Isso está careta pra caralho, irmão". Raul então ensina a lição mais importante que receberia em sua vida, que foi ensiná-lo a escrever numa linguagem simples e direta, formula que desde então Paulo não havia utilizado. Paulo repete isso em qualquer entrevista quando fala sobre Raul.



O filme também acerta em dois pontos: O interesse de Raul na música, e utilizá-la para alcançar a "alma das pessoas", e o quanto nenhum dos dois desde então sabiam para onde estavam indo, enquanto a Sociedade Alternativa e o misticismo. O filme não inventa, mostra realmente o desinteresse de Raul enquanto a magia, "meu negócio é música" fala o Raul para Paulo. Raul traz um certo humor ao filme, que é muito sério. A cena cômica dos dois num ritual da Ordem Secreta, é cômica, os dois fazem um juramento, e vemos uma desproporção, um Raul "com medo", cena que faz até o público rir, Zéu Brito faz participação especial, o que forma a cena mais cômica ainda, no entanto, o tom de Paulo é firme, decidido repetindo as palavras de iniciação, tudo isso ao som de Sociedade Alternativa ao fundo.




Essa fase é uma das mais polêmicas, no entanto, na vida de Paulo tomou proporções muito maiores. Raul, não parece ter levado a questão da magia negra a sério e até fez piada algumas vezes, tendo dito cerca vez em entrevista que foi expulso da ordem a qual pertenceu por que enrolou um baseado num documento sagrado. Kika também já confirmou em entrevistas, o desinteresse de Raul por seitas. No entanto o ideal, Raul sugou, a fonte ideologica que ele precisava para passar suas ideias revolucionárias estavam na Lei de Thelema.



Tudo isso foi contado de forma muito rápida. No entanto, os três momentos chaves que mostram situações que não tem nenhuma relação e fidelidade com a biografia de ambos, e nesses três momentos é claro o objetivo de transformar Raul num personagem secundário, ou até "vilão". Em uma cena, Raul pede para Paulo subir no palco, e Paulo declama "A LEI", Raul sempre fez isso em seus shows após cantar Sociedade Alternativa. Onde está o erro? Paulo nunca subiu no palco para cantar nos anos 70. Isso só aconteceu uma vez e apenas foi no final da vida de Raul, lá no final dos anos 80. O filme tenta passar a idéia de que Raul passou a "bola" para Paulo, quando na verdade, quem sempre esteve exposto foi o Raul, que sempre esteve em cima do palco cantando as canções subversivas que ambos haviam feito na época. Essa cena então é intercalada com a prisão de Paulo, há uma tentativa, de mostrar Paulo como o cabeça chave da Sociedade Alternativa, a ponto de até mesmo o então Paulo, subir no palco e cantar, coisa que nunca acontecera.

Mas acontece ainda duas situações piores retratadas no filme. Que na verdade estão na mesma cena. Após a liberação de Paulo depois do interrogatório, Paulo liga para o Raul, e é avisado que o mesmo havia ido para os EUA. Paulo diz: Como assim? Então Raul aparece na abertura do fantástico (em cena original), falando sobre Gita, quando Raul fala que "fez gita", Paulo entra num inferno astral, e o filme tenta mostrar um Paulo, "injustiçado".

Não precisamos pensar muito para achar isso forçado. Raul não foi para Nova York sozinho abandonando Paulo, na verdade os dois foram juntos, isso é mostrada em videos caseiros, e também retratado até mesmo no Por Toda a Minha vida. Esse video pode ser visto no Youtube, como segue abaixo. Além disso, a letra de Super Herois, fala justamente sobre isso.



Mas tudo isso, então é fechado com o pior que poderia acontecer. É comum a situação autoral das músicas de Raul Seixas. Paulo Coelho sempre fez questão de falar que "fez" em determinadas músicas, ou "escreveu", por forma de falar, pois tratou-se de uma parceria, quando o mesmo fala isso não significa que ele "fez sozinho". O filme pega Raul dizendo "eu fiz Gita", e mostra Paulo com raiva, como se ele fosse o único autor da música, e Raul o tivesse traído, gravando a música e tomando conta da autoria, uma das piores cenas pensadas. Poderiam aproveitar Gita para fazer uma das cenas mais impactantes do cinema musical brasileiro, colocando a história da composição. Paulo Coelho no Documentário da MTV, falou que Raul compôs a música numa rede, após eles terem tido uma conversa sobre Deus, Raul pegou o violão e cantou "Eu sou a luz das estrelas, eu sou a cor do luar, eu sou as coisas da vida..." e depois os dois fizeram a letra toda juntos em questão de minutos. Isso retratado no cinema nacional, seria uma cena histórica e antologica, mas preferiram reduzir isso a uma "rivalidade", que põe ainda mais fogo na história da maioria dos fãs de Raul, chamarem Paulo de aproveitador.

A exemplo do filme Raul Seixas, O Inicio e o Meio, também não mostrou um Raul "definitivo", vamos esperar um filme biográfico de Raul, e que de preferência seja também interpretado por Lucci Ferreira.


Raul Seixas interpretado por Lucci Ferreira foi a melhor surpresa do filme.



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